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Wheels In Europe: O que é possível quando se tem paixão por viajar

wheels in europe
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A Vera Almeida tem um objetivo. Para celebrar os 40 anos, quer viajar por 40 países diferentes. Mas, a Vera planeia conseguir este objetivo em cerca de seis meses, por isso vê esta viagem como uma celebração.

É a forma e o tempo perfeitos para desafiar os seus medos e testar os seus limites.

 

Vera Almeida

A Vera vive em Miranda do Corvo com os seus pais e irmão. Nasceu com uma Distrofia Muscular Congénita, o que significa que tem que usar uma cadeira de rodas a tempo inteiro. A Vera usa uma cadeira de rodas elétrica Kite da Invacare. Mas usar uma cadeira de rodas nunca parou a Vera de fazer o que quisesse. O dia-a-dia da Vera é muito parecido com o de uma pessoa qualquer. Ela levanta-se, vai para o trabalho, volta para casa, e passa o seu tempo livre a divertir-se. No entanto, a Vera necessita de uma assistente pessoal para a ajudar a fazer muitas dessas coisas.

A Vera tem um mestrado em Gestão de Recursos Humanos pelo Instituto Superior Miguel Torga, em Coimbra, e por isso trabalha como Técnica de Recursos Humanos numa empresa de distribuição alimentar. Durante quatro anos estudou também Inglês na Universidade de Reading, Inglês, Cultura e Línguas na Universidade de Kent, o que permitiu dar aulas privadas de Inglês. Nos seus tempos livres, ela é membro do conselho da Associação Portuguesa de Neuromusculares e é voluntária na Junior Achievement Portugal. Os hobbies da Vera são cantar, ler, e como já deve ter percebido… viajar!

Em fevereiro de 2018 a Vera fez 40 anos. Para celebrar esta data especial, decidiu ir numa viagem de seis meses à volta da Europa. Mas a viagem não se destina a ser um período de férias prolongado. A Vera tem planos mais importantes. “Uma vez que acredito que a acessibilidade vai muito para além de rampas e elevadores, vou visitar 40 cidades europeias e explorar o que de melhor se faz por lá em termos de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida. Espero ganhar novas perspetivas acerca das políticas e das práticas atuais de acessibilidade e ter o privilégio de encontrar outras pessoas que usam cadeira de rodas. Esta experiência irá certamente ajudar-me a advogar uma sociedade mais inclusiva no meu país de origem, Portugal, onde muitas pessoas como eu se sentem presas em casa devido à má acessibilidade.” diz na sua página Go Get Funding.

Por causa de necessitar de assistência pessoal diária, a Vera não vai viajar sozinha. O custo de uma assistente pessoal a tempo inteiro vai aumentar muito o custo da viagem, por isso ela decidiu recolher fundos para a ajudar nas despesas com a assistente pessoal.

 

A viagem da Vera

Os planos da Vera são viajar com a assistente pessoal de junho a dezembro de 2018. Ela vai usar uma variedade de meios de transporte – aviões, comboios, e claro, a sua cadeira de rodas elétrica Invacare. O objetivo principal desta viagem é avaliar o que de melhor está a ser feito na Europa para aumentar a acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida. A Vera espera recolher novas ideias das políticas Europeias.

A Vera vai partilhar tudo sobre a sua viagem na sua página de Facebook e blog. Atualmente, a página está a ser usada para promover consciencialização sobre a viagem e recolha de fundos. Ela planeia começar no Norte da Europa, Irlanda, Islândia, Suécia, Dinamarca e Reino Unido. Depois, vai viajar para a Alemanha, Áustria, Suíça, e outros países. Istambul é o ponto mais distante da viagem, e Lisboa será o seu destino final antes de regressar a casa.

Existem algumas coisas que a Vera sabe que vai encontrar. Carros mal-estacionados, rampas íngremes, balcões altos e espaços apertados, que são coisas que encontra no seu dia-a-dia. Mas ela sabe que algumas cidades são mais flexíveis do que outras. Não acredita que é inteiramente trabalho político o de tornar a vida mais acessível para as pessoas com mobilidade reduzida. A Vera acredita que todas as pessoas que vivem em sociedade partilham da mesma responsabilidade. Ela acha necessário ajudar os cidadãos a ficarem mais atentos e sensíveis às necessidades dos outros. “Não importa o quão boa é a legislação, se não houver educação que aponte para a aceitação e respeito pelos outros, nenhuma mudança pode acontecer” disse.